Falar em Mecânica Quântica, quando utilizamos essa teoria no período em que estávamos Secretário de Meio Ambiente da cidade de Uberlândia, iria dificultar o processo. Assim, sua implementação aconteceu com a utilização de várias práticas de gestão que, no conjunto, tinham como finalidade única mudar o modelo mental da secretaria. Inicialmente, cremos que, para a maioria dos funcionários, as ideias eram algo impossível. Mas deram certo.
A mudança começou na distribuição do poder. Considerando que, no setor público, o modelo da cadeia de comando é rígido, isso assustou um pouco, gerou até um clima de desconfiança no primeiro momento, pois as decisões eram transparentes – e o processo liderava, não o gestor. As metas criadas tinham como referência o Plano de Governo e o Planejamento Estratégico da secretaria, a qual era a única que possuía Planejamento Estratégico explicitado no site da Prefeitura, com acompanhamento em tempo real, além de um e-book com essas diretrizes, que continha também os nomes de todos os funcionários da Secretaria de Meio Ambiente.
Em relação à comunicação, até aquele momento a prática era de que as entrevistas aos veículos eram realizadas apenas pelo secretário e, as “não relevantes”, por seus assessores. Isso mudou. Passaram a ser feitas pelos funcionários de cada área, o que aumentou o compromisso e a autoestima durante a gestão, pois o lema era: “Quem faz, comunica”.
O layout da secretaria sofreu uma mudança radical: foram eliminadas as divisórias, inclusive as da sala do secretário, e adquiridos móveis em formato de ilhas, passando cada equipe a ocupar uma delas. Não se conseguia perceber nível hierárquico. Só se mantiveram as divisórias da sala de reuniões, a fim de não gerar barulho para os que estavam fora. Aconteceu, dessa forma, o processo de entrelaçamento, uma conectividade acima do normal.
O Índice de Felicidade Interna Bruta – FIB foi implantado na secretaria, com medição mensal, com sucesso. Foram iniciados dois pilotos dessa prática, um no distrito de Cruzeiro dos Peixotos e outro no bairro Luizote de Freitas. O FIB é utilizado em vários países. No Brasil, foi projeto pioneiro na área pública.
Os principais projetos foram transversais, criados e implantados com outras secretarias. Essa foi uma das partes mais difíceis, que visou uma conexão maior, porque no serviço público cada órgão é um verdadeiro “silo”, onde o individualismo e a vaidade costumam reinar, prevalecendo às vezes acima do interesse coletivo, levando até os bons servidores – que são a maioria – a esquecer que são servidores públicos.
Aconteceu uma mudança do modelo mental, foi visível esse fato. Esse processo melhorou o ambiente de trabalho e aumentou a produtividade. Quando a gestão fica acima do interesse pessoal do gestor, o nível de compromisso é alto, seja na área pública, seja no setor privado.
Hélio Mendes
Professor e consultor de Planejamento Estratégico e Gestão Quântica nas áreas privada e pública.