Marketing político não é para amadores e muito menos para os que vivem apenas a vida acadêmica. Alguns autores costumam colocar como evento balizador desse ramo de atuação a eleição do ex-presidente Collor em 1989. Porém, antes disso, tivemos pleitos que se distinguiram pelo uso de técnicas tão marcantes, que são utilizadas ainda hoje, como foi a eleição presidencial de 1960, na qual Jânio Quadros venceu o Marechal Teixeira Lott. Apesar de terem-se passado 60 anos, quem era criança naquela época lembra-se muito bem dos símbolos, a vassoura de Jânio e a espada de Lott, e até do jingle da campanha: “Varre, varre, vassourinha, varre a corrupção” – bastante atual, vale dizer.
Temos muitas agências de propaganda com bom conhecimento na área empresarial, um número pequeno que atende ao marketing de forma ampla e uma quantidade bem reduzida que domina o marketing político. Os dois motivos principais para isso acontecer: as faculdades não dão muita importância a essa área, por se tratar de nicho de mercado, e, pelo mesmo motivo, há poucos profissionais. Assim, ser formado em Administração ou em Marketing é apenas um pré-requisito, mas não torna aquele profissional um especialista em marketing político.
Um dos maiores erros é tratar os candidatos como produtos. Lançar um produto e obter sucesso já não é algo fácil. São totalmente diferentes o lançamento de um candidato e o de um produto – e tem ficado mais difícil depois das redes sociais. Pela nossa experiência nas duas áreas, podemos afirmar que o marketing empresarial, por incrível que pareça, é um jogo no qual algumas regras são respeitadas; entretanto, o marketing político é selvagem e sem ética. Nem a família do candidato é respeitada. Um boato costuma ter mais valor do que um fato.
Pode-se trabalhar a imagem de um candidato, até manipulá-la, mas não o homem. Os eleitores votam em quem oferece alguns benefícios: os de renda mais alta, em algo que beneficie os seus negócios; os demais, em quem atenda às suas necessidades básicas. Uma boa assessoria faz diferença em uma campanha, quando o candidato reconhece suas limitações.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia