Mais de 30 anos como especialista em consultoria, décadas em salas de hotéis coordenando seminários com empresas de diversos setores, são elementos que nos dão autoridade para fazer uma análise crítica sobre esta importante ferramenta que é o Planejamento Estratégico. Ele se torna a cada dia mais essencial às organizações e, quando bem aplicado, pode garantir sua longevidade e seu sucesso.
Vamos aos erros: o de não atualizar a metodologia – não dá mais para fazer como antes, permanecer por dois dias isolados com a “equipe principal” e sair com um documento elaborado olhando-se para o que já passou, com membros que passam a maior parte do tempo longe do mercado. E o mais sério: práticas corporativistas predominam nessas reuniões, cujos participantes se mostram incapazes de apontar os defeitos da área do outro. Poucas são as equipes gerenciais que cortam na própria carne.
O erro não está na ferramenta, mas no processo. O mundo empresarial está mais dinâmico, mais incerto do que antes. É necessário ouvir, ver e sentir o pulsar do mercado, ou melhor, ir além dele. É importante fazer, antes do seminário de planejamento, um leque de pesquisas: 1. com os clientes – será que estão satisfeitos?; 2. com ex-clientes – por que deixaram de sê-lo?; 3. com os não clientes – por que ainda não compraram?; 4. com os fornecedores que atendem os concorrentes – o que eles estão oferecendo aos seus clientes, que você não realiza?; 5. nesse contexto, mapear os processos dos concorrentes que lideram o setor; 6. por último, mas não menos importante – o que o chão de fábrica pensa?
Depois de fazer e debater essas seis pesquisas estratégicas, ou melhor, fazer o dever de casa, a “equipe principal”, ou ainda, os gênios da empresa, terão condições de se reunir, com coragem, humildade, determinação, e elaborar o velho e bom Planejamento Estratégico. A melhor gestão está fora da empresa e no olhar dos que nunca foram ouvidos e daqueles que usam uniformes.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.