As grandes companhias criadas no século passado têm grande possibilidade de não sobreviver. Não basta mais atualizar o modelo como sempre fizeram, ou adotar novas estratégias, renovar marca, porque estão competindo com empresas totalmente diferentes, mais ágeis, sem burocracia, com ampla capacidade adaptativa, como Amazon, Mercado Livre e muitas outras.
Essas organizações do século XX, classificadas como conservadoras, apresentam excesso em praticamente todos os aspectos: são burocráticas, feudos departamentais; os gestores em sua maioria não são líderes, ainda com salas individuais, nunca têm tempo para os funcionários, controlam através do cargo e, por deter informações, vivem contando mais história do passado do que discutindo os pontos de inflexão do futuro, além de servirem mais aos proprietários do que aos clientes. E por que não vão mudar? Em razão do grande e velho problema, cultura construída durante anos. Parte das pessoas tem estabilidade como se ali fosse uma organização pública, não conseguem cortar na própria carne. E as familiares ainda têm problemas de sucessão.
As pequenas e médias empresas conservadoras têm mais chance de sobreviver, e ainda ocupar o espaço das grandes, se entenderem que terão que fazer grandes transformações. Isso é possível porque os executivos estão mais perto das dores, a estrutura é menor e achatada, pode ser repensada em curto espaço de tempo. Terão facilidades em mudar rapidamente os processos, diferentemente das grandes. Deverão estas fazer um processo de reengenharia, utilizando em parte a estratégia de gestão criada por Michael Hammer, cujos resultados foram parciais na época, porque algumas companhias não entenderam que o fator mais importante era a mudança de cultura: “Terão que aprender maneiras novas de fazer negócios e desenvolver novas competências”. E o primeiro ato é reconhecer e aceitar que os principais erros e acertos vêm da cúpula da empresa.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.