Vários estudos concluem que temos os menores índices de produtividade do mundo, o que eleva o preço dos nossos produtos no mercado interno e compromete nossa competitividade no mercado internacional.
Há diversos entraves. O maior é o chamado “Custo Brasil”; o segundo é a falta de incentivos à inovação. Temos um Estado que arrecada muito e gasta mal e, agora, mais um elemento se junta a esse panorama: a insegurança jurídica.
Mas é importante questionar o que acontece nas nossas empresas, onde também há necessidade de grandes mudanças. Um trabalhador americano ou japonês trabalha por cinco brasileiros, assunto que já foi capa de revista.
Torna-se essencial mudar o modelo de Estado e de vários setores nacionais. Um dos pontos de inflexão é o da informação. Temos estruturas arcaicas há algumas décadas; a maioria das empresas nas economias centrais possui a área de Inteligência Competitiva, aqui é quase inexistente.
Parte significativa dos nossos empresários considera o trato e a divulgação das informações como “segredo de estado” – apenas a cúpula da corporação tem acesso aos dados, dos mais simples aos mais estratégicos.
Produtividade depende de pessoas e estas, de informações. Em qualquer setor, elas precisam chegar em tempo real a todos os colaboradores das organizações. Hoje não temos mais indivíduos com pouco conhecimento. Quem não sabe o que acontece na sua empresa se sente excluído do processo e passa a realizar apenas as atribuições do seu cargo, sem visão do todo, agindo como cego no meio de um tiroteio.
As pessoas são as responsáveis pela empresa, são elas que criam estratégia, objetivo, metas e as executam. O maior desafio das lideranças em todos os níveis da estrutura é envolver e comprometer todos na busca pelos resultados. O combustível que move as pessoas são as informações, que criam liga – “como vão torcer para o time, se não sabem que dia vai ser o jogo?”.
Muitos gestores não passam dados por falta de preparo, mas é bom lembrá-los que o ser humano é energia, tudo é energia, tudo está ligado. Em uma guerra temos que dividir o inimigo para vencê-lo. Passar informações apenas para alguns na organização é criar divisão, enfraquece a própria equipe e assim não haverá coesão interna.
É normal que os funcionários tenham conhecimento das atividades de outros setores da sua empresa através dos concorrentes, pelas redes sociais… Deixar que isso aconteça é renunciar ao capital humano interno e tratar os colaboradores como incapazes, como pessoas não confiáveis, gerando baixa produtividade.
Hélio Mendes
Consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, em Brasília.