A nossa leitura é que, nesses últimos 41 anos, a cidade teve gestão de centro-direita e, em alguns anos, de esquerda. Mas o poder, indiferente a tais ideologias, foi dominado por uma simbiose entre o grupo de ruralistas e o das imobiliárias – o primeiro com ênfase na política e o segundo, na área econômica, o que permitiu ao município crescer com qualidade.
O parágrafo acima remete ao nosso artigo anterior sobre o tema. A questão é: qual foi a participação dos setores industrial e comercial no poder da cidade nesse período? Eles foram e continuam como “sócios minoritários”, apesar de serem os que geram mais emprego e receita. Ambas as castas vêm focando a economia e o relacionamento “social”, e pouco a política.
Concomitantemente, no mundo cresce o tema da diversidade e da inclusão. O centro-direita não excluiu essa abordagem, mas não a percebeu como fator político. A esquerda, além de incluí-la, utiliza-a nas suas narrativas. O mesmo aconteceu com a questão sobre o meio ambiente, porém, esta não ocupou espaço no poder na cidade, por falta de boas lideranças e pelo discurso radical.
Vejo como desafio da esquerda nos próximos anos em Uberlândia o de conseguir lideranças fortes e sair do radicalismo, promovendo a social-democracia. Teve a oportunidade de iniciar esse processo quando elegeu um prefeito, mas este se perdeu por falta de experiência administrativa e por uma coligação desastrosa.
O centro-direita tem como desafio não apenas encontrar um substituto com o capital político do atual prefeito, mas também o de atualizar a forma de fazer política. Tem nomes, mas estes não se consolidaram como lideranças fortes até o presente.
O que ambos os lados devem considerar é que a cidade despontou como uma das principais do País – este é o aspecto bom, entretanto, é o mesmo elemento que acelera as demandas em todas as áreas. A partir de agora, não será possível repetir as narrativas, muito menos o modelo de gestão utilizado até o momento.
Hélio Mendes
Com mais de 1.500 artigos publicados, é consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, de Brasília.