Acredito que sim, mas tudo pode sempre ser mais, com as cooperativas tendo estratégia de longo prazo e dedicando-se ao posicionamento estratégico da mesma forma que têm se dedicado à eficácia operacional. Afirmamos isso analisando a situação com base no Modelo das Cinco Forças de Porter, um dos principais gurus na área de estratégia, e na Matriz de Kim e Mauborgne.
Vamos abordar uma das forças neste artigo, a da concorrência. A participação das cooperativas na região vem crescendo. Para refletir: a extensão de plantio está aumentando na mesma proporção? Quando há expansão das cooperativas existentes e a possibilidade de novos entrantes na mesma área, cresce de forma natural a rivalidade. E, em se tratando de commodities, predomina a estratégia de custo baixo, o que exige escala, volume – e que pode comprometer a rentabilidade das cooperativas.
Quando analisamos concorrência/rentabilidade, Porter nomeia as seguintes condições, que podemos identificar como pontos de inflexão nesse contexto: 1) as cooperativas têm crescido; 2) há ameaças de novos entrantes e de novas culturas; 3) o custo de produção vem sendo majorado; 4) não é um produto que pode demorar para ser vendido: todo ano há uma nova safra e parte dos produtores necessita vender antes ou após a colheita.
A expansão da maior cooperativa do setor na região pode gerar um desequilíbrio, aumentando a concorrência e comprometendo a rentabilidade, principalmente daquelas que não dispõem de uma estratégia competitiva – mesmo considerando os valores do cooperativismo.
Para não chegar a esse ponto, a federação, as associações e as cooperativas têm um papel importante, o de fomentar alianças estratégicas, a exemplo de países onde o sistema tem como foco a exportação, ou seja, enquanto os cooperados focam o ambiente competitivo, as instituições precisam construir um posicionamento estratégico mundial.
A região tem boas lideranças. Vão precisar de união e profissionalismo nos próximos anos, em razão da evolução dos modelos dos negócios e da “dependência de intermediários”. Cabe às cooperativas fortalecerem seus princípios e valores, aproveitar a marca regional para verticalizar, apostar na exportação direta, criar mercados e novos negócios. Para continuarem competindo.
Hélio Mendes – Autor de Planejamento Estratégico Reverso e Marketing Político Ético, consultor de empresas, foi secretário na área de Planejamento e Meio Ambiente da cidade de Uberlândia/MG. Palestrante em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG. Membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, de Brasília.