
Hélio Mendes é professor e consultor de Planejamento Estratégico e Gestão. Foto: Divulgação
É triste estarmos em pleno século 21 e ainda encontramos organogramas e estruturas de organizações ainda com características da época da Roma antiga, no formato de pirâmide. Esta estrutura linear, cuja origem se perde, foi formalizada para uso empresarial, pelo economista e sociólogo Max Weber no início do século passado, com o seu modelo denominado teoria da burocracia.
Foi importante para época. Nasceu da crítica à teoria clássica e deu sua contribuição e é usada de forma geral ainda na administração pública com pequenas alterações. Entretanto essa estrutura não dá mais para continuar na administração pública e muito menos na privada. Até porque Weber preconizava que o conflito era indesejável e foi criticado pelo excessivo racionalismo, pois se formava com esta não uma organização viva, mas uma máquina, um sistema fechado. Foi útil deu bons resultados, mas hoje o ambiente é outro.
Vivemos hoje um processo acelerado de globalização. Temos que ter não mais as estruturas no formato de pirâmide do século vinte, mas em rede, matricial ou de centro de resultados. Os controles de estoque e financeiros já não é mais mensal, porém estão em tempo real – recursos entraram ou sairão e já se tem uma nova situação na tela. O foco não é mais a situação interna, mas externa. Primeiro define o norte, com participação de todas as pessoas-chave em reunião estratégica ou na elaboração do planejamento estratégico, depois se define ou se coaduna à estrutura interna. Esta não pode ser mais rígida, e sim flexível, para atender a uma customização. (Não se pode confundir estratégia, metas com estratégica competitiva que é definida no Planejamento).
As decisões estratégias não podem mais ser centralizadas no topo das organizações. Os que adotam este modelo estão com postura ultrapassada. Se os colaboradores não estão preparados para contribuir, deverão ser preparados. O que na maioria das vezes já estão, mas não participam, seja por desconhecimento, insegurança ou vaidade do empresário que não está disposto a dividir o poder, com isto, estão usando apenas os braços e não o intelecto de seus colaboradores e neste modelo não há comprometimento dos não-envolvidos com as decisões tomadas.
Onde estão os maiores obstáculos para adotar este novo modelo? Não é nas universidades, porque estas fornecem aos alunos esta nova e necessária visão. Está no próprio empresário já citado e em algumas consultorias e funcionários. Os consultores, por conformismo ou por falta de preparo, alimentam o desejo de poder de quem ocupa posições estratégicas. Não propõem mudanças que podem contribuir com a perda do contrato e os funcionários não se posicionam para não contrariar a vaidade de quem paga os salários.
Mas os que estão ainda com este modelo antigo, é bom mudar o mais rápido possível. É impossível usar a tecnologia disponível, concorrer no mundo atual com estruturas antigas. O difícil é mudar a cabeça.
Hélio Mendes
Prof. e Consultor de Planejamento Estratégico e Gestão