A velha mídia – ou tradicional, como queiram – e o setor financeiro estão desesperados. Foram os que mais ganharam dinheiro nos governos anteriores. Se Bolsonaro vencer as eleições, a primeira vai falir e o segundo terá que repensar seu modelo de negócio, fazer o que de fato deveria: ser uma atividade meio, dar suporte às atividades fins.
A classe política também não está apoiando Bolsonaro, porque há muito ela já não representa o eleitor; tornou-se um grupo de privilegiados que cuidam apenas das suas próprias necessidades, nos três planos: federal, estadual e municipal. Prova disso é que poucos prefeitos, governadores e candidatos ao Legislativo fazem campanha aberta para o presidente.
Até candidatos do partido de Bolsonaro têm sido seletivos na distribuição de suas propagandas, inserindo o nome do presidente somente em setores que o apoiam. Atuam como oportunistas, “candidatos camaleões”. O eleitor consciente está sem opção e os não esclarecidos não percebem essa manobra.
Não podemos esquecer que parte do setor público vem colocando os interesses pessoais acima do nacional, com receio da reforma administrativa necessária, a qual acontecerá caso Bolsonaro se reeleja – e o Supremo perderá o poder distorcido que exerce hoje.
Ao lado do presidente estão os militares, as igrejas, o agronegócio e quem entende que a democracia e os valores que defende correm risco. Exemplos de outros países não faltam.
Escrevemos no começo do ano, após analisar o cenário político, que teríamos uma psicose de massa nesta eleição, em que os extremos levariam a emoção a prevalecer sobre a razão. É o que está acontecendo e, com isso, todos vão perder. Vamos divididos para uma eleição. Não precisava acontecer.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.