Vários pontos de inflexões que não são ruídos, mas sinais no cenário da indústria frigorífica, permitem-nos concluir que ela deverá entrar em declínio nos próximos anos.
O setor frigorífico fez bem o seu dever de casa nos últimos 20 anos: concentrou-se e obteve uma boa rentabilidade, foi positivo durante um bom tempo para toda a cadeia produtiva do boi – mas passou a ser uma ameaça.
E está entrando em estado de entropia positiva, porque está criando desordem na sua própria cadeia produtiva, em razão de não adotar uma política de ganha-ganha com seu principal parceiro, o setor da pecuária.
Como se não bastasse, hoje o setor depende apenas de um cliente, a China, parceiro pouco confiável que está perdendo fôlego. Recentemente várias reportagens mostraram o pecuarista norte-americano com situação semelhante à do nacional, com projetos buscando novas opções, como a da verticalização, criando cooperativas para ter condições de competir.
Algo previsto. Quando a esperteza é demais, ela come o esperto. Há tempo ainda de o setor frigorífico repensar suas práticas, mas não acreditamos que isso irá acontecer. Outros pontos de inflexão além do chinês: muitos pecuaristas, além de se mostrarem insatisfeitos, estão migrando para a agricultura; os pseudoambientalistas querem reduzir a área da pecuária; e há quem leve em consideração as narrativas insanas do novo governo contra o Agronegócio.
Hélio Mendes
Com mais de 1.500 artigos publicados, é consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, de Brasília.