A campanha ética ainda não acontece na política, por vários motivos. Temos como citar centenas deles, mas vamos comentar os que acreditamos serem os principais.
Temos boas pessoas que, pela falta de preparo, entram na política sem conhecer os seus fins. Estas devem ser ajudadas, porém, nem sempre são bem assessoradas e, por falta de recursos, contratam empresas não qualificadas e acabam por abaixar o nível da campanha. Essa área tem poucos profissionais, a maioria com sucesso no âmbito empresarial – todavia, a política tem suas particularidades, é um “pronto-socorro”.
O grupo maior de candidatos é o dos oportunistas, que visam aumentar seu patrimônio, e há os que buscam um emprego. Por essas intenções, mesmo sendo bem direcionados, tornam a campanha antiética, porque política não é negócio; entretanto, assim tem sido utilizada pela maioria.
Existe outra razão para a maior parte das campanhas não ser ética: é mais fácil comprar produtos de segunda linha, contratar serviços mais baratos, pular o muro do vizinho para roubar frutas ou novilhas para fazer um churrasco, do que fazer a coisa certa. Estas têm sido opções de muitos: ganhar mentido, sumir depois da eleição e votar contrariando o seu eleitor, em troca de benefício pessoal ou do grupo que financia suas campanhas.
É muito difícil, mas é possível fazer uma campanha ética. É essencial ter um bom candidato, um bom planejamento, muito trabalho, usar inteligência – e não golpes baixos. Se o candidato não tem processo, é ficha limpa; tem como defender princípios, valores e boas práticas, não precisa iludir o eleitor, não precisa receber apoio de quem possa a vir cobrá-lo depois da eleição.
A internet deu vozes a todos que vão votar. Os eleitores têm como avaliar uma eleição, o que torna indispensável a um indivíduo pensar bem se deve candidatar-se e sobre suas escolhas, além de quem contratará para assessorá-lo na campanha. Política é algo muito sério, não pode ser vulgarizada durante uma campanha.
A frase atribuída a Maquiavel, “os fins justificam os meios”, tem tornado às vezes a política coisa de criminosos, porque não se faz algo bom utilizando meios escusos. É muito difícil fazer uma campanha ética, mas é necessário.
Hélio Mendes
Com mais de 1.500 artigos publicados, é consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é palestrante em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, de Brasília.