Por Hélio Mendes
O Instituto Brasileiro de Conselho de Administração (IBCA), em seus programas de formação, sempre destacou a importância do Planejamento Estratégico como base para o exercício da função de conselheiro. A justificativa é evidente: o papel do conselheiro exige uma capacidade ampliada de analisar cenários complexos, que vão além do ambiente setorial, incorporando também dimensões geopolíticas e tecnológicas, em um mundo repleto de surpresas e distrações.
O papel do conselheiro na estratégia
Por dever de ofício, cabe aos conselheiros orientar o posicionamento estratégico da organização, contribuir para a criação de vantagens competitivas, supervisionar a implementação da estratégia e avaliar o desempenho da alta administração. O conselho não é apenas um espaço de deliberação, mas de direção um ambiente em que se define o rumo dos negócios.
Essa responsabilidade requer dedicação, conhecimento profundo e uma compreensão apurada das tendências globais.
Pesquisas recentes apontam que a visão estratégica é o pré-requisito mais valorizado para o desempenho de um conselheiro. Isso porque a maior parte das discussões em reuniões de conselho está diretamente relacionada à estratégia corporativa uma demanda cada vez mais relevante diante das transformações geopolíticas e do avanço das tecnologias disruptivas.
O olhar duplo do conselheiro
Para construir estratégias duradouras, o conselheiro precisa desenvolver um olhar duplo: interno e externo.
É na interseção entre o ambiente organizacional e o ecossistema global que surgem as condições para uma vantagem competitiva sustentável.
É fundamental compreender que estratégia não é sinônimo de eficiência operacional. Este é um erro comum entre conselheiros oriundos de setores muito técnicos, cuja visão tende a se limitar a ganhos incrementais de produtividade. A eficiência é necessária, mas sem direção estratégica, ela apenas acelera o caminho errado.
O contexto brasileiro
No Brasil, os desafios se multiplicam.
A dependência estrutural de diversos setores em relação ao Estado, a baixa produtividade, o Custo Brasil, a insegurança jurídica e as altas taxas de juros formam um ambiente de alta complexidade.
Nesse contexto, o conselheiro de administração torna-se ainda mais essencial. É ele quem deve alinhar a visão de longo prazo à realidade imediata, equilibrando prudência e ousadia.
Sua missão não é apenas garantir a sobrevivência das empresas, mas promover sua prosperidade sustentável guiando-as em meio às incertezas de um mundo globalizado e cada vez mais interdependente.
Hélio Mendes
Palestrante, consultor empresarial e político.
Autor do livro Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa.
Conselheiro formado pelo IBGC e Ex-Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.








