Em 2026, não haverá zona de conforto no mundo empresarial. As organizações serão empurradas para um ponto de inflexão inevitável: ou se reinventam de forma profunda, ou serão superadas por competidores que já nasceram preparados para o novo ciclo econômico e tecnológico. Renovar-se deixou de ser um exercício de estética corporativa tornou-se um ato de sobrevivência.
A reinvenção que o país precisa não passa por slogans, mas por alinhar pessoas ao propósito real da organização, olhar além das fronteiras tradicionais do setor e abandonar a crença ingênua de que estabilidade ainda existe. Os modelos de gestão, antes vistos como permanentes, agora têm prazo de validade. Estruturas precisarão ser mais flexíveis, culturas mais ágeis e clientes não poderão mais ser tratados como devotos fiéis de uma única marca. A Inteligência Artificial, antes ferramenta, tornou-se uma parceira incansável trabalha sem parar, enquanto muitas empresas ainda discutem se deveriam adotá-la.
Grande parte das organizações brasileiras, no entanto, ainda opera com lógica de repartição pública: processos engessados em nome de certificações, hierarquias rígidas, centralização excessiva e uma burocracia que sufoca o ritmo e destrói a inovação. Sobreviveram até aqui porque competiam entre iguais. Mas esse mundo acabou. A transformação do varejo, acelerada pela presença de gigantes globais como a Amazon, foi apenas o primeiro sinal de um choque muito maior.
O ano de 2025 trouxe aprendizados contundentes. A geopolítica global mudou o jogo: grandes nações romperam regras consideradas inabaláveis, e cadeias produtivas de todos os setores foram impactadas. Nesse ambiente instável, copiar concorrentes não apenas é insuficiente é uma receita certa para desaparecer. As empresas precisarão antecipar o próprio futuro, agir com autonomia estratégica e compreender uma lição essencial das multinacionais que dominam mercados: elas não esperam o ambiente se ajustar. Elas moldam esse ambiente.
Se 2025 foi o ano do alerta, 2026 será o ano da ação. Somente organizações capazes de repensar suas estruturas, acelerar decisões e operar com visão estratégica global terão espaço no novo ciclo de competitividade.
Hélio Mendes – Palestrante, consultor empresarial e político. Autor do livro Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa. Com curso no IBGC e ex-Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.








