A geopolítica, tradicionalmente fundamentada na relação entre geografia e política, visava atender os interesses dos Estados-nação, especialmente pela expansão territorial. Esse modelo predominou até a queda do Muro de Berlim. No entanto, o cenário global mudou drasticamente, e os Estados-nação perderam a exclusividade do poder.
Historicamente, o Estado sucedeu a monarquia, assumindo o controle das políticas internas e externas. Hoje, porém, novos atores – como grandes corporações, ONGs, mídias, religiões e o crime organizado – desempenham papéis decisivos no destino do mundo, enquanto o Estado enfrenta uma crise de relevância, enfraquecido em sua função central. A democracia, por sua vez, está fragilizada, demandando esforços para sua recuperação.
Esses novos protagonistas, antes subordinados aos Estados, agora ocupam posições de destaque, moldando a nova geopolítica. Esse cenário exige uma visão parcial e adaptada, pois as dinâmicas de poder são mais fragmentadas e diversificadas.
Um exemplo notável é a ascensão de Donald Trump. Para se eleger, precisou alinhar-se aos interesses das grandes corporações. Caso isso se confirme, sua atuação se limitará a ser um porta-voz dos “novos donos do poder”, evidenciando a crescente influência desses atores no cenário global.
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso”, “Gestão Reversa” e “Marketing Político Ético”. Ele é consultor, ex-secretário de planejamento e meio ambiente em Uberlândia/MG e membro do Instituto SAGRES em Brasília.