As transformações geopolíticas ocorrem em ciclos cada vez mais curtos, muitas vezes em tempo real e com impactos profundos. O cenário global atual é marcado por maior incerteza econômica e política, com a competitividade assumindo um papel central, enquanto temas como sustentabilidade e diversidade perdem espaço nas agendas internacionais.
A Europa enfrenta um declínio sem precedentes em sua competitividade, enquanto a Ásia se fortalece, impulsionada pelo crescimento da China e da Índia. Na América do Sul, apenas a Argentina se destaca. Nos Estados Unidos, a volta de Donald Trump sinaliza uma política econômica voltada ao crescimento, priorizando a produtividade e buscando transformar desafios em oportunidades estratégicas, especialmente no que se refere à concorrência com a China.
Diante desse contexto, o Brasil poderia adotar uma posição estratégica de neutralidade diplomática, tirando proveito do embate entre as potências globais e das mudanças nas cadeias produtivas europeias. No entanto, o país segue na contramão desse reposicionamento. A ausência de um projeto de desenvolvimento claro, a insegurança jurídica, o alto custo Brasil e a polarização política enfraquecem sua capacidade de aproveitar as oportunidades emergentes.
Enquanto nações redefinem suas estratégias para fortalecer sua competitividade, o Brasil permanece preso a disputas ideológicas, sem uma visão de longo prazo que coloque os interesses nacionais acima das divergências políticas. O momento exige unidade e planejamento estratégico para que o país possa ocupar um papel relevante na nova ordem global.
Hélio Mendes – Palestrante, consultor empresarial e político, autor dos livros Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa. Possui formação como Conselheiro pelo IBGC e atuou como Secretário de Planejamento e Meio Ambiente em Uberlândia/MG.