José Saramago nos lembra: “É preciso sair da ilha para ver a ilha.” A metáfora do escritor português traduz bem o desafio de muitos empresários brasileiros: só é possível compreender a real dimensão do próprio negócio quando se toma distância dele.
Em um mundo que já não se organiza de forma linear, mas de maneira orgânica, fluida e exponencial, insistir em modelos de gestão concebidos no século passado é receita certa para a estagnação. Hoje, copiar quem tem sucesso não basta. Cada organização precisa ser camaleônica, reinventar-se continuamente e enxergar que não vivemos apenas uma nova era: estamos diante de um mundo diferente.
A imprevisibilidade e a complexidade dos mercados atuais tornam inviável o planejamento tradicional de longo prazo. Antecipar o futuro e trazê-lo para o presente tornou-se condição de sobrevivência. Manter-se em movimento constante é obrigação, não escolha. Para isso, as empresas necessitam de profissionais capazes de agir antes que os fatos ocorram. Os bons gestores não apenas cumprem metas; eles as antecipam, trazendo o amanhã para o agora.
A prova dessa transformação está na história recente. Muitas companhias que figuravam no topo do ranking das mais valiosas do século passado desapareceram ou perderam protagonismo. Seus líderes permaneceram na “ilha”, presos a modelos ultrapassados, sem perceber que a sobrevivência dependia de mudar antes que a realidade os obrigasse.
O alerta é claro: quem quiser permanecer relevante não pode se contentar em administrar o presente. É preciso enxergar de fora, repensar processos e reposicionar estratégias. Em tempos de incerteza, o maior risco para o empresário é não mudar.
Por Hélio Mendes – Palestrante, consultor empresarial e político. Autor do livro “Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa”. Conselheiro formado pelo IBGC e Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.