Um cluster é, por definição, uma poderosa alavanca de competitividade regional e empresarial. Ele cria um ecossistema que transcende os limites das organizações participantes, impulsionando inovação, cooperação e desenvolvimento econômico local. No Brasil, há exemplos marcantes nos setores calçadista, moveleiro, de café e, mais recentemente, de tecnologia. Contudo, muitos desses arranjos enfrentam um desafio recorrente: são fortes na arrancada, mas lentos na chegada. Em outras palavras, têm dificuldade em alcançar a maturidade plena.
Essa fragilidade não decorre da ideia de cluster em si, mas da ausência de uma gestão consistente e de uma visão de longo prazo. Fatores que inicialmente impulsionam o sucesso como o aumento da concorrência, a busca por escala por meio de fusões e o protagonismo de lideranças visionárias , quando mal administrados, podem se tornar causas do declínio. No contexto brasileiro, somam-se ainda as vaidades pessoais e disputas internas, que fragilizam a cooperação e reduzem a competitividade coletiva.
Todo cluster, em algum momento, enfrenta o ciclo natural de envelhecimento de suas empresas, lideranças e modelos de gestão. É nesse ponto que a reinvenção se torna imperativa. Renovar lideranças, estimular novas ideias e atualizar o modelo de governança são passos fundamentais para evitar a estagnação.
Portanto, o sucesso duradouro de um cluster não depende apenas da sinergia entre empresas ou de um ambiente econômico favorável, mas de uma gestão profissional, capaz de planejar o futuro com inteligência estratégica. Clusters que cultivam essa cultura de governança e visão de longo prazo não apenas sobrevivem, mas prosperam tornando-se verdadeiros motores de desenvolvimento regional sustentável.
Hélio Mendes – Palestrante, consultor empresarial e político.
Autor dos livros Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa.
Conselheiro certificado pelo IBGC e ex-Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.








