A urgência de uma estratégia global vencedora
No Brasil, repetimos com frequência a expressão mineira: “não podemos perder o trem”. Simples, direta e profundamente verdadeira, ela sintetiza o risco que setores fundamentais da nossa economia enfrentam hoje e a pecuária talvez seja o exemplo mais evidente.
O mundo mudou. Competitividade, inovação, presença global e leitura geopolítica deixaram de ser diferenciais: tornaram-se pré-requisitos básicos para qualquer cadeia produtiva que pretenda sobreviver. No entanto, parte relevante do setor pecuário permanece em posição de espera, preso a discursos internos e à ilusão de que o futuro pode ser construído com as ferramentas do passado.
É preciso dizer sem rodeios: a agenda do século XXI é global. E não se trata de ambição exagerada; trata-se de reconhecer a realidade. Cadeias produtivas de classe mundial não pedem licença ao governo elas moldam mercados, constroem ecossistemas competitivos e lideram discussões internacionais com clareza estratégica.
Nos últimos anos, a pecuária brasileira perdeu protagonismo e ficou refém da lógica dos frigoríficos, que se profissionalizaram, internacionalizaram suas operações e consolidaram influência. Eles entenderam o jogo global. Anteciparam movimentos. Ocuparam espaços. Enquanto isso, parte dos pecuaristas adotou uma postura reativa quando não infantilizada limitando-se a reclamar do cenário, como bezerros recém-desmamados diante do desconhecido.
É hora de virar a chave.
O caminho não é lamentar.
O caminho é agir.
Isso significa abandonar definitivamente a zona de conforto, fortalecer lideranças, criar organizações com visão internacional e adotar uma estratégia que una inovação, tecnologia, integração das cadeias e presença ativa nos mercados globais.
A pergunta que permanece é simples e decisiva:
seremos protagonistas da história ou apenas passageiros acomodados, assistindo o trem partir mais uma vez?
Hélio Mendes
Palestrante, consultor empresarial e político.
Autor dos livros Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa.
Conselheiro certificado pelo IBGC e ex-Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.








