Este artigo tem por base o material de um dos últimos seminários que Michael Porter ministrou no Brasil, quando preconizou que a unidade fundamental de análise estratégica é o setor no qual a empresa atua. O resultado financeiro de uma organização depende de duas causas distintas: a estrutura do setor e da empresa em relação a esse setor. As definições de linhas de estratégia vêm dessas duas causas. Esse é o motivo pelo qual o estrategista deve preocupar-se com ambas. E, de acordo com essa possibilidade, que faz parte de uma das dez escolas de estratégia existentes, é que se determina se a vantagem competitiva de uma empresa será de diferenciação ou de custo baixo.
Quando não se considera de forma ampla a dinâmica do setor, torna-se impossível criar um posicionamento estratégico, o que leva os setores de baixa ou média competitividade a acreditarem que a eficácia operacional, cujo foco está nas melhores práticas, permite ter um posicionamento estratégico. Ledo engano.
Para não cometer esse erro, a primeira de muitas perguntas a que se deve responder é: “O que é estratégia?”. Resposta: “É uma corrida para chegar a uma posição ideal, ter uma posição exclusiva e valiosa, que envolve um conjunto diferente de atividades”. Por isso, torna-se cada vez mais desafiador ter – e, mais ainda, manter – uma estratégia competitiva sustentável, em razão da globalização e do acesso fácil a tecnologias.
Preservar uma posição competitiva exige trade-offs, que são necessidades de escolher, de dizer não a clientes e até a grandes segmentos. O que define a personalidade da empresa? Acreditar no modelo escolhido (o que exigem coragem para tomar decisão) e ter uma boa equipe. Quando Henry Ford optou por só fabricar carros pretos, ele permaneceu na liderança por muito tempo, mas abriu oportunidades para o surgimento de outras empresas.
Cada vez mais a estratégia aponta uma direção a seguir, mas deve ser aperfeiçoada para ser duradoura. Entretanto, os maiores obstáculos são internos: pessoas que não querem mudar, por ainda estarem obtendo sucesso.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.
