São uma falácia os cursos que prometem formar líderes. Eles podem apenas despertar o líder que existe dentro de um indivíduo, mostrar bons exemplos. É triste, para não dizer cômico ou ridículo, quando algumas pessoas, após um curso de liderança, começam a sorrir para seus funcionários, afirmando que estão mudadas em razão do evento.
Muitos não têm conhecimento do trabalho dos antigos ferreiros, profissionais fundamentais de um período da nossa história. Numa época em que não existia indústria, eles transformavam o ferro bruto após aquecê-lo no fogo e davam-lhe novo formato na bigorna. Verdadeiros artistas, faziam as armas de guerra, como também as do trabalho, como enxadas, foices, instrumentos para dentistas e muitos outros. Porém, não era possível substituir a matéria-prima ferro por madeira.
Os bons cursos de liderança têm condições de tornar uma pedra preciosa bruta em uma joia, de modo semelhante aos ferreiros, mas podem muito pouco quando ela não é preciosa. Esse tipo de aluno pode ser um bom profissional, entretanto, dificilmente será líder de alto desempenho. Os cursos podem melhorar as lideranças e as pessoas, mas não formam líderes.
Os que têm potencial ou já são líderes, e não apenas gestores, sentem empatia, carinho pelas pessoas, gostam de gente. Quando não têm esse sentimento, e tentam introjetá-lo após um curso ou a leitura de vários livros, são notados pelos que já os conhecem: a sensação é de que estão usando uma máscara para esconder o rosto e, na primeira oportunidade, ela geralmente cai – e eles demostram quem são, de fato. O que as empresas devem fazer é procurar identificar quem apresenta potencial para ser líder, porque estes têm possibilidade de trazer o resultado que elas precisam.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.
