O crescimento das cidades, especialmente nos países em desenvolvimento como o Brasil, tem ocorrido de forma desordenada e acelerada. Esse fenômeno, muitas vezes ignorado por gestores e pela própria população, gera consequências que afetam diretamente a qualidade de vida urbana.
O avanço das áreas urbanas sem planejamento encarece a manutenção das cidades, amplia vazios territoriais e multiplica conjuntos habitacionais afastados dos centros, sem infraestrutura adequada. Essa expansão descontrolada recai principalmente sobre a população de menor renda, que gasta boa parte do orçamento com transporte e passa horas em deslocamentos. Hospitais, escolas, trabalho e lazer ficam distantes — o que corrói o tempo de convivência familiar e o bem-estar social.
Para mudar essa realidade, é essencial investir em Planos Diretores bem elaborados, que orientem o crescimento e delimitem o perímetro urbano de forma sustentável. Contudo, a eficácia desses planos depende da aplicação rigorosa da legislação de uso e ocupação do solo e do sistema viário — instrumentos muitas vezes negligenciados ou ignorados por interesses políticos e econômicos. Quando essas normas deixam de ser cumpridas, o Plano Diretor perde sua função essencial: promover o desenvolvimento ordenado e humano das cidades.
A transformação desse modelo requer mais que políticas públicas — exige uma mudança cultural profunda. É necessário educar gestores e cidadãos sobre o papel coletivo na construção de cidades mais equilibradas, integradas e humanas.
Enquanto essa consciência não se consolidar, continuaremos a assistir ao crescimento urbano avançando sobre a qualidade de vida das pessoas, sem distinção de classe social. Planejar a cidade, afinal, é planejar o futuro de quem nela vive.
Hélio Mendes – Palestrante, consultor empresarial e político. Autor do livro Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa. Conselheiro formado pelo IBGC e ex-secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.



