As organizações estão imersas em um período marcado por incertezas profundas e é preciso admitir: essa instabilidade não é temporária, é o novo normal. A ordem geopolítica se transformou, novas tecnologias remodelaram cadeias produtivas inteiras e o ambiente econômico se tornou um ecossistema fluido, interconectado e vulnerável a disrupções imprevisíveis. Este é o cenário real das empresas contemporâneas.
Em conversas recentes com empresários de diferentes setores, uma frase tem se repetido com frequência desconfortável: “Estamos em compasso de espera. Está tudo muito instável; não há segurança para planejar ou tomar grandes decisões.”
Trata-se de um equívoco estratégico de grandes proporções.
O ambiente não voltará ao patamar de estabilidade do passado especialmente no contexto brasileiro. As grandes potências estão retomando práticas de caráter neocolonialista, orientadas pela disputa por sobrevivência e pelo controle de recursos críticos. Nesse cenário, empresas e setores nacionais precisam repensar profundamente seus modelos de negócio, suas estratégias de competição e sua própria compreensão do mundo. Não é uma escolha: é uma exigência permanente.
Os planos estratégicos devem ganhar flexibilidade, capacidade de ajuste contínuo e leitura em tempo real. As equipes, em todos os níveis, precisam mudar sua mentalidade: observar o ambiente externo, interpretar sinais, antecipar movimentos e reagir com agilidade. Organizações presas à lógica rígida do passado caminham perigosamente para a irrelevância.
Ao mesmo tempo, este ambiente oferece uma oportunidade rara: construir modelos organizacionais mais dinâmicos, adaptáveis e globalizados — capazes de prosperar justamente em meio ao caos.
Empresas não foram criadas para operar em condições perfeitas.
Foram criadas para competir, inovar e vencer, independentemente do cenário.
O desafio estratégico do nosso tempo é transformar incerteza em vantagem competitiva.
Hélio Mendes
Palestrante, consultor empresarial e político.
Autor dos livros Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa.
Conselheiro certificado pelo IBGC e ex-Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia/MG.








