Em muitas organizações, a busca pela produtividade ultrapassa o limite saudável e transforma-se em verdadeira obsessão. Estratégias de baixo custo, aumento de escala e adoção de sistemas enxutos são práticas recomendadas por grandes autores da administração moderna. Contudo, quando essas medidas se desconectam do propósito da empresa, deixam de ser instrumentos de eficiência e passam a ser armadilhas que cegam gestores.
A produtividade, quando desvinculada do sentido de servir, perde seu valor estratégico. A eficiência só gera resultados reais quando está ligada à jornada do cliente, à experiência vivida em cada ponto de contato com a marca. Ignorar essa lógica é um erro grave — especialmente em tempos de Inteligência Artificial, nos quais o fator humano e a experiência do cliente tornaram-se os principais diferenciais competitivos.
Uma prática simples pode revelar muito sobre a cultura de uma empresa: gestores e equipes deveriam comprar de sua própria organização. Ao vivenciarem o processo completo — do atendimento à entrega e à troca — descobrem o quanto a experiência do cliente reflete (ou denuncia) a verdadeira identidade da companhia.
No fim, a produtividade cega não é sinal de progresso, mas de miopia organizacional. Somente quando o propósito volta ao centro das decisões é que a eficiência se torna realmente produtiva.
Hélio Mendes é palestrante, consultor empresarial e político. Autor do livro “Planejamento Estratégico Reverso e Gestão Reversa”. Conselheiro formado pelo IBGC e Secretário de Planejamento e Meio Ambiente de Uberlândia (MG).








