A reunião de elaboração dos Planejamentos Estratégicos mudou, e muito, porque vivemos uma era de muitas incertezas. Temos que pensar no máximo de possibilidades e, mesmo assim, vamos estar parcialmente preparados. Indiferentemente do cargo que se ocupa, não há mais lugar para os donos da verdade, e a tão elogiada “eu tenho certeza” do passado é substituída pela antes condenada “eu acho”.
Nesse ambiente empresarial, a especialista mundial em inovação Rita McGrath tem um novo olhar: não considerar o setor e o mercado para analisar o destino da organização, mas o conceito de arena. Isso “implica que os mercados não sejam definidos por categoria do produto, e sim pela tarefa que as pessoas estão tentando satisfazer em sua vida”.
No campo da estratégia, a lendária frase do general chinês Sun Tzu, “se você conhece o seu inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas”, também deixou de ter a eficácia de antes porque, no campo dos negócios e principalmente no espaço mundial, predominam os interesses. O concorrente, que era tratado como inimigo, deve ser considerado um potencial aliado.
Algo a ser também observado é que, dentre as preparações para participar de seminário de planejamento, destacamos a psicológica: não entre no recinto para se mostrar preparado, mas para contribuir a fim de que a empresa obtenha o melhor resultado; os interesses pessoais pouco ajudam; e pode ser necessário renunciar à hierarquia, porque às vezes a melhor opção será dada pelos que usualmente não são ouvidos. “Não importa a cor do gato, contando que ele cace o rato”.
E o fator mais importante: com o surgimento das organizações exponenciais, o mais difícil para as empresas tradicionais é a transformação cultural, principalmente dos que estão no topo e normalmente não utilizam os mesmos refeitórios e sanitários dos que estão na base da pirâmide, os quais são a maioria e os mais próximos dos clientes. É necessário transformar o chão de fábrica em teto do futuro e coautor da inflexão estratégica.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.
