Vamos nos próximos meses explanar um pouco a nossa metodologia de gestão de cidades. Hoje trataremos do pilar “Design urbano de uma cidade”. Se a planta de sua casa é importante, imagine a de uma cidade.
Não dá para falar de planejamento urbano, sem citar o maior arquiteto e urbanista que o Brasil teve até agora, Jaime Lerner: “O segredo da cidade é a integração. Toda área da cidade deve combinar trabalho, lazer e cultura. Separe essas funções e partes da cidade morrem”.
O que mais temos no nosso País são cidades mal planejadas. Sentimos no design urbano: são avenidas que terminam em lugar nenhum; moradia, principalmente das classes sociais menos favorecidas, longe de tudo, levando esses cidadãos a passarem o maior tempo de suas vidas dentro do transporte coletivo. Resumindo: crescimento desordenado.
Outro ponto, as nossas cidades não são pensadas para as pessoas, mas para os automóveis. Prova é que a maioria – e isso inclui a capital do País – não se lembrou do melhor meio de transporte, o metrô, que já existe há mais de um século: o primeiro foi em Londres em 1863, o de Paris é de 1900 e o da nossa cidade vizinha, Buenos Aires, é de 1903.
Paris é um bom exemplo, com um metrô de 219,9 km, o qual cobre grande parte do local. O sistema viário é formado por diversos anéis, permitindo ao cidadão contornar a cidade sem passar pelo centro. Quando não há anéis, o trânsito deságua em poucas avenidas, e aí nasce a necessidade de construir viadutos – e estes, de acordo com Lerner, são “a menor distância entre dois engarrafamentos”.
Uma cidade bem planejada, além de permitir boa qualidade de vida, diminui o custo de sua manutenção – e muito. Mas nada é fácil. O que garante o bom planejamento é a Lei de Uso e Ocupação de Solo, normalmente a lei mais alterada para atender a pedidos políticos. Acreditamos que é mais violentada que a Constituição brasileira nos últimos anos.
O design urbano depende de um bom planejamento e este se encontra diretamente ligado aos gestores que escolhemos. Bons e maus exemplos não faltam nessa área, mas com certeza os maus penalizam toda a população, em todos os sentidos.
Hélio Mendes
Consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, em Brasília.
