Inteligência cultural, elemento que tem sido ignorado na área política, principalmente na gestão das cidades, e até por grandes empresas. Ela é a aptidão que um indivíduo tem para se adaptar e se relacionar com novas culturas. Ou seja, é como você desenvolve as suas emoções, como busca conhecer o novo e como reage a ele. Não é uma habilidade natural que nasce conosco, mas que se desenvolve ao longo da vida.
Falta nas campanhas políticas e na gestão das nossas cidades o conhecimento para se relacionar com culturas diferentes, saber como entender os valores locais e apresentar o novo, respeitando os costumes das pessoas. Percebe-se que não tem feito parte de planos diretores e de projetos implementados.
Acontece também nas grandes corporações: quando instalam suas primeiras unidades industriais num país, muitas vezes cometem o erro de tratar a cultura local como commodity. Acham desnecessária qualquer atenção nesse sentido, a ponto de menosprezar os princípios das pessoas do lugar. E, com isso, não conseguem ter a produtividade esperada.
Modelos de gestão e programas de qualidade importados não têm a eficácia esperada, quando não reconhecem a diferença entre idades, raças, religiões e crenças. É a falta, diríamos, até mesmo de sensibilidade, de empatia, que despertam reações favoráveis naquele que as percebe, que as recebe.
A primeira ação quando se pretende elaborar um projeto para determinado local, que pode abranger um país, uma cidade ou um bairro específico, é estudar as características da área física e os valores de seus habitantes. Quando não é feito dessa forma, corre-se o risco de ser expelido pelo ecossistema existente ou não obter o resultado esperado.
A boa gestão é o resultado do conhecimento coexistindo com o processo decisório. Não há boas decisões sem um bom conhecimento, e tudo começa com uma pesquisa que contemple a cultura local – tendo como foco os valores, com o objetivo de apreender conexões, e não de impor algo novo. “A cultura é importante na formação pessoal, moral e intelectual do indivíduo e no desenvolvimento da sua capacidade de relacionar-se com o próximo”.
Não estamos tratando de segmentar mercado, de identificar nicho, mas de algo que vai além e é pouco considerado. Apreender a cultura local, para empresas, são os clientes e fornecedores; para os gestores públicos, os cidadãos. Para ter sucesso é necessário considerar a identidade cultural.
Hélio Mendes
Com mais de 1.500 artigos publicados, é consultor de empresas, foi secretário na área de planejamento e meio ambiente da cidade de Uberlândia/MG; é professor em cursos de pós-graduação e da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra – ADESG e membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicadas, de Brasília.