A Teoria das Organizações é uma disciplina que foca o ato de elaborar e testar estudos sobre as organizações, sua gestão e seus integrantes, englobando o relacionamento da organização com o ambiente e as formas como ela se estrutura em seus próprios processos.
Começamos a refletir sobre o que é ensinado nas escolas de Administração, as quais continuam abordando a história que vai de 1903, com a Escola Clássica, até 1972, com a Teoria Contingencial. Sessenta e nove anos se passaram, apareceram 11 teorias. De 1972 a 2020 foram 48 anos, um vazio difícil de explicar. Tentativas de criação de novas correntes não faltaram, principalmente por parte de gurus norte-americanos, mas nenhuma se consolidou como teoria geral.
Ferramentas têm muitas, sim, mas a maioria de uso interno, levando as empresas permanecer no século XX. É o caso da Escola Clássica, cuja ênfase era na estrutura formal, em melhorar processos. Outras, estruturas semelhantes a Max Weber, trazendo uma pitada de humanismo da Escola de Relações Humanas, mas com algo em comum: a prevalência do homem como peça de uma máquina, ou melhor, empresa. No comércio internacional destaca-se a filosofia de Nicolas Machiavel, a qual prega que os fins justificam os meios. Na geopolítica mundial podemos ver isso com mais clareza.
Mas aonde queremos chegar? Na questão de que as teorias até agora engessam as organizações, limitando as pessoas, induzindo-as, “adestrando-as” para atuarem dentro de um sistema fechado, limitadas pela descrição do seu cargo e motivadas a atingir metas pré-fixadas e com pouca flexibilidade. E temos já um novo agravante, aparelhadas com tecnologia, que permite mais produtividade, amplia a atuação das empresas, mas também impõe limites, barreiras que envelhecem… e às vezes não conseguimos identificar sua data de vencimento.
Vejo na Física Quântica aplicada à Administração algo semelhante ao que aconteceu com a Física tradicional e a Quântica: a primeira procurando a resposta certa e a segunda defendendo a incerteza, porque não há limite para o homem que se considera ser o todo e parte dele ao mesmo tempo. As organizações que vão sobreviver terão que considerar que tudo está conectado. Organizações quânticas: essa é a nova teoria da Administração.
Hélio Mendes – Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela Universidade de Michigan e de Gestão Estratégica pela Universidade de Copenhagen.