A antiga ordem mundial já não existe mais. Está no forno uma nova, com mais atores e novas capacidades de poder e, nesta, o Brasil tem a oportunidade de passar de liderado para líder – depende de os setores da sociedade e o governo, juntos, unirem os pontos que andam soltos, ou seja, resolverem os conflitos internos.
Na antiga ordem o poder era assegurado apenas pelos quesitos econômico e militar. Isso não é mais verdade. Um exemplo clássico são os EUA, “que gastam 43% na área militar do mundo, e foram derrotados no Vietnã, no Afeganistão e na Somália”.
Nessa nova ordem destacam-se diferentes capacidades de poder, e o nosso País possui várias delas, sendo a principal a segurança alimentar. Até 2050 o mundo precisa aumentar 60% da produção de alimentos e o Brasil terá que ser responsável por 41%, o que nos coloca, sem dúvida, em lugar de destaque na arena internacional.
Mas temos outras capacidades, como a religiosa. Hoje o País envia pastores para vários países. É visível atualmente esse item como um novo vetor de poder. Tomamos como exemplos a Arábia Saudita, o Irã e a força dos evangélicos no Congresso brasileiro. Acontece no mundo todo. Além disso, no meio ambiente estamos tornando em oportunidade o que alguns classificam como ameaça, produzindo com sustentabilidade.
E quando fazemos interseção no plano mundial, encontramos apenas cinco nações que possuem grandes vetores, ou seja, com mais de dois milhões de km², mais de cem milhões de habitantes e cujo PIB é de mais de um trilhão de dólares: Brasil, Rússia, Índia, China e Estados Unidos. Destas, três fazem parte do Conselho de Segurança da ONU, formado apenas por cinco países. Não terão como evitar a entrada do Brasil nos próximos anos.
Hélio Mendes
Consultor de Estratégia e Gestão, professor da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, com curso de Negociação pela University of Michigan, Gestão Estratégica pela University of Copenhagen e Fundamentos Estratégicos pela University of Virginia.
