No artigo anterior, tratei da importância dos partidos para a democracia. Agora, destaco o Plano de Governo, que é pouco valorizado, distorcido e manipulado pela maioria dos candidatos e eleitos.
Tem sido prática comum afirmar que é necessário um programa de governo para ganhar as eleições e outro para governar. A maioria dos candidatos adota essa prática, apresentando planos fantasiosos para seduzir o eleitor. Depois de eleitos, não conseguem cumprir o prometido e, além disso, passam todo o mandato realizando obras com o intuito de se reeleger, obras estas que não estavam no plano apresentado durante a campanha e que nem sempre são prioritárias devido à falta de planejamento e de equipe.
Não temos como exercer a democracia direta, onde a população se reunia em praça pública para discutir o que fazer. Temos a democracia representativa, elegemos representantes, mas a maioria deixa de representar após eleitos. Para mudar essa prática, é necessário que os candidatos elaborem, durante o período eleitoral, planos realistas. Isso é possível através de pesquisas e reuniões com segmentos organizados.
O que deve constar em um plano de governo? As prioridades devem ser apresentadas com clareza e objetividade. Em segundo lugar, deve-se explicar de onde virão os recursos e como serão avaliados. Os candidatos não podem extrapolar o nível do seu plano; ou seja, candidatos no plano municipal não podem prometer resolver problemas nacionais.
Pergunto: quem já participou de um debate para discutir com os candidatos? Quem tem cópia dos planos que foram debatidos e apresentados? Quem tem cobrado?
Após eleito, cabe ao legislativo e à sociedade organizada acompanhar e cobrar. A comunidade hoje tem as redes sociais para isso. Mas cobrar o quê, se não tem conhecimento
Hélio Mendes é autor de “Planejamento Estratégico Reverso” e “Marketing Político Ético”. Ele atua como consultor de empresas e já foi secretário de planejamento e meio ambiente na cidade de Uberlândia/MG. Além disso, é palestrante em cursos de pós-graduação e na Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, além de membro do Instituto SAGRES – Política e Gestão Estratégica Aplicada, em Brasília.
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